Se ligarmos a TV, lá estamos sendo empregados, motoristas, diaristas, vendedores de picolé, favelados, prostitutas, moradores de rua, bandidos. Se pararmos para ouvir uma única canção a beleza dos cabelos loiros e da pele clara se destaca. Para terminar de completar, achar uma revista que nossa cor apareça na capa é uma missão quase impossível.
Por todos os lados a pele negra é colocada num lugar estigmatizado, marginalizado e fora de qualquer desenvolvimento social, cultural e identitário.
Falar de identidade é outra coisa complexa, pois não somos pretos. Somos morenos, mulatos, avermelhados ou até mesmo cor de burro quando foge. Porém, não somos pretos.
Se contrapor a esse bombardeio de informações que nos padronizam, discriminam e criam estereótipos está voltado ao olhar. O ver-se e entender-se compõe uma estrutura sócio histórica que determina a identidade racial e étnica. Ambas caminham juntas e será a base da construção identitária de qualquer individuo. Até lá, continuamos a mercê de uma mídia colonizadora, racista e manipuladora.
Nossas escolas não ensinam a refletir a realidade, apenas contextualizam os momentos. As técnicas pedagógicas perpassam a realidade local e abraçam um discurso hegemônico datado e repleto de fórmulas confusas. É isso que realmente queremos?
Os dias se passam e o período escravocrata parece ainda estar latente em nossas vidas. Direitos? Oportunidades? Estudo? Profissão? Saúde?
O que parece ser um direito de todos, acaba sendo o desgosto de muitos. Os índices são claros, a população negra é a mais criminalizada em nosso país. As cadeias estão cheias de pretos. Você é abordado pela polícia sem motivo. O corpo negro é apenas uma mercadoria.
Nossa raça é a melhor na cama. Certo? Os homens possuem muitos centímetros e as mulheres com seus quadris largos é a gostosa da vez.
Desculpem, mas meu corpo negro não está a venda!