No ultimo pôr do sol do ano idealizei e alimentei junto com outros irmãos a construção de dias melhores. Pensei no amor, na conversa, no corpo, na dança. Fiz uma retrospectiva dos sonhos e das realizações. Tentei olhar para dentro de mim e identificar aquilo que me faz prosseguir e o que me faz regredir. Foi uma overdose de sentimentos.
Passaram-se 365 dias de luta política dentro de um contexto coletivo e individual. O povo PRETO, os trabalhadores SEM TERRA, jornalistas COMUNICADORES POPULARES e a diversidade de GAYS, LÉSBICAS, TRANSEXUAIS, TRAVESTIS estiveram dentro de mim dirigindo minhas convicções e me ensinando lições importantes.
Levanto minha voz, pois acredito que é possível mudar. Sozinhos, nenhum passo daremos, mas estes aglomerado de excluídos que vivem dentro de meus pensamentos me fizeram ver o mundo através da utopia, da esperança.
Com o braço erguido e vendo o sol se pôr percebo que meu sonho não é apenas MEU, existem muitas pessoas que procuram na simplicidade da vida um real sentindo para estar vivo. Este sentido, talvez seja o engajamento ou até mesmo o reconhecimento.
Estar inserido num modelo social que descrimina, criminaliza e invisibiliza seu povo é motivo suficiente para iniciarmos mais um ano com lutas permanentes. Para isso precisamos assumir nossas cores e identidades. Ocupar os espaços que são nossos por direito. Construir mecanismos que popularizem a comunicação. Denunciar todo o tipo de violência. Repudiar as desigualdades.
Acredito no povo e em sua diversidade. Acredito também na força que emana dos corações. Este é o momento de refletirmos sobre tudo isso e pautarmos os anseios que fragilizam e condicionam o ser humano.
Neste pôr do sol registrei o corpo em movimento, os anseios intercalados e sentimentos explosivos.
Existe uma mensagem por detrás do olhar negro. Os corações gritam por liberdade e pelo encontro das diferenças numa enorme mandala identitária formada por aquilo que realmente representa o povo.
Sou parte deste povo e desta história de lutas!