Nascemos, crescemos, (talvez) procriamos, envelhecemos e morremos. Existe uma ordem na vida, subjugada em valores e constituída em normas dadas no campo da moral, ética e dos bons costumes.
Quando criança, tais normas me fez negar minha cor. Me fez chorar por não parecer com minha mãe, que é branca e de cabelo liso. Me fez culpar a minha vó por transcender sua negritude por toda a família. Além disso, me fez enquadrar em “padrões socialmente aceitáveis”.
Pensar neste contexto, é desconstruir toda uma identidade e adaptar-se a um meio comum. Sendo este, conjugado a partir de um mercado financeiro e político social.
Durante toda nossa vida, nos colocamos a serviço de um sistema impregnado de conceitos e pensamentos colonizadores. Estas mensagens corroem as mentes de brancos e negros que para se sentir aceitáveis, bem vistos, se enquadram nos padrões de beleza da TV, revistas, jornais, outdoor e muitas outras plataformas de informação e formação.
As mudanças se iniciam de dentro para fora. Precisamos nos compreender dentro deste contexto mercadológico em que nossa cultura e costumes são desvalorizadas. Afirmar que o racismo existe é denunciar este modelo de sociedade que segue linhas europeias, baseadas na descriminação e desigualdade.
Olho para dentro de mim e a esperança de construir algo diferente toma forma. Acredito na construção de uma sociedade capaz de encarar as diferenças e refletir sobre o social, percebendo a riqueza de valores e culturas que existe em país.
Nosso estilo, nossa moda, nosso cabelo ... refletem a mistura. Estar inserido neste meio de afirmação é dá um passo de cada vez rumo a uma sociedade que possa olhar-se no espelho e encontrar a história que envolve sua vida e seu povo.
Somos parte deste povo. Nas guerrilhas da vida estamos sempre apostos, com nossos cabelos crespos referenciando uma luta e acima disso, a resistência.