quinta-feira, 5 de junho de 2014

Pensando a identidade com Dança Afro

Saulo Jorge (estudante de dança da UFBA)

Foi no ritmo do tambor, atabaque e agogô que corpos construídos socialmente por este modelo social se contrapõe a todos os padrões e dão vida ao molejo afro descendente enraizado, mesmo que inconscientemente, em cada corpo.

Fazendo algo diferente, resolvi acompanhar bem de pertinho uma oficina de dança ministrada por Saulo Jorge (28), estudante de dança da UFBA, que propõe resgatar através da dança afro brasileira a identidade ancestral aliado aos valores sócio culturais negros.

A oficina aconteceu no dia 01 de junho no Campus de Arquitetura da UFBA durante a “Virada Cultural” que este ano trouxe como tema central a BAIANIDADE.

Oficina de Dança
Relacionar os movimentos corporais ao discurso político identitário foi a base da oficina oferecida. Em todos os momentos Saulo se preocupou em questionar o processo de formação social e a descriminação das diversas manifestações culturais e religiosas de matriz africana em nosso país.

“O nosso corpo realiza várias conexões e sofri diversas modificações no decorrer da história. Ser negro não esta relacionado apenas com a cor da pele, tem haver com a inserção de cada pessoa num universo cultural onde o corpo em movimento determina novos valores e resignifica a identidade individual”, enfatiza Saulo.


Quando ouço as palavras: corpo, movimento, negro e inserção, é impossível não construir em meu subconsciente a similaridade com os discursos propostos aqui no @OxentePreta.

Somos um grupo que valoriza as raízes afro descendentes. A dança sendo vista como um movimento do corpo que exprime suas próprias vontades e se performatiza na construção de sentidos, nos garanti também por esta via a inserção de valores afro no cotidiano da sociedade.

A dança afro brasileira surge numa perspectiva popular desenvolvendo características próprias de acordo com sua difusão no nordeste. Essas novas modalidades que se constroem a partir da proposta afro que simboliza “a resistência de nossos antepassados”, ratificada na fala de nosso querido Jorge.

Mas, o que é dança?

A dança é vida, sentimento, sentidos, significados, movimento, harmonia, representatividade.

Saulo nos fala que a dança o escolheu e sempre teve a curiosidade experimentar coisas novas, viajar no universo da cultura popular e trazer em sua estética e prática a valorização de suas raízes afro (que lindo).

Compreender esse processo de inserção é perceber como cada um de nós se sente representado nesta sociedade.

Quando assumimos um cabelo crespo ou cacheado estamos reafirmando uma postura que está além da proposta superficial que a estética nos diz. Estamos realizando um ato político de contraposição a descriminação de valores colocados pelo modelo social capitalista.

Dançar é uma das formas colocadas por Saulo, assim como o cabelo, para se contrapor e lutar por igualdade e respeito.

Adorei tudo isso!


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Aulas de Dança Afro
Onde: Residência Universitária 01 da UFBA – Corredor da Vitória
Quando: Os Sábados das 14:00 às 16:00
Quem: Todos os públicos (sem restrição de idade)
Quanto: A discutir com o Saulo
Obs: As aulas iniciam no primeiro sábado do mês de julho (então corra e garanta sua vaga) 


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