Não é de hoje que a mulher é inspiração para a construção de poesias, músicas, crônicas. Isso simboliza veementemente uma postura enraizada na valorização heteronormativa a beleza estrutural feminina.
Vamos pensar! Quem era a “Garota de Ipanema”?
“Moça do corpo dourado
Do sol de lpanema
O seu balançado é mais que um poema
É a coisa mais linda que eu já vi passar” - Vinicius de Moraes / Antonio Carlos Jobim
Esta música traz à tona a construção de um estereótipo feminino que deve ser reconhecido como o belo para toda a sociedade, compreendendo a dimensão midiática que esta canção obteve.
Volto a perguntar, quem é a “Garota de Ipanema”?
Vamos lá? Alta, magra, loira, cabelos lisos, quadris largos, sem estrias, bumbum levantado e de classe média é claro (rs rs).
Este é o único tipo de beleza feminina existente? Claro que não. Porém, este padrão foi internalizado no corpo de toda a sociedade. Isso não é culpa de Vinicíus de Morais, nem de Tom Jobim, mas sim de uma cultura capitalista social que propõe o consumo e a nossa submissão a este modelo.
No dia Internacional da Mulher, para alimentar ainda mais estes padrões capitalistas, é dado por diversos órgãos públicos, empresas, veículos de comunicação a proposta de deixar as mulheres mais bonitas, oferecendo atendimentos de beleza para maquiar, escovar os cabelos, limpezas de pele e etc.
Isso é errado? Não!
Mas, preste atenção, o 08 de março é reconhecido pela luta da mulher na sociedade contra todos estes padrões que a inferioriza e a coloca somente como provedora de filhos e dona de casa.

Fora a isso, a violência doméstica contra a mulher, que pode acontecer de diversas formas (moral, sexual, psicológica e física) ainda é gigantesca, mesmo depois da lei Maria da Penha.
Este dia deve ser marcado não pelo consumo, mas sim pela luta. Luta esta em que as MULHERES, homens, idosos, jovens e crianças precisam levantar a bandeira da liberdade e da igualdade de gênero.
"Existem diversas outras questões que precisam ser problematizadas, como o espaço em que a mulher negra ocupa na sociedade, os estereótipos dados e etc. Mas, fica a deixa para os comentários".