domingo, 31 de agosto de 2014

‘Minha’ expressão corporal é ‘Minha’ identidade social


Já observaram que o corpo é uma incógnita? As palavras são ditas em silêncio. Os movimentos ressaltam posturas. O inconsciente se manifesta. A subjetiva se aguça. Seria isso uma mensagem política?

Vou assumir aqui uma paixão. Sou completamente envolvido pelo som e pela dança. Mas acima disso, sou apaixonado pelo movimento expresso no corpo.

Não importa a idade, classe, cor, gênero ou raça, a dança se expressa na sensibilidade sensorial individual e na construção coletiva de pessoas que se sentem representadas ou inseridas numa atual perspectiva sociocultural.

Comecei a pensar nestas questões depois de ter participado da “Sexta-Feira Cênica”, evento realizado toda ultima sexta-feira do mês na escola de dança da FUNCEB no Pelourinho.

Explicando melhor

A reflexão se baseia numa noite em que o reconhecimento aos valores socioculturais afro brasileiros é o fruto produtivo dos trabalhos. A difusão da dança, dada como um objetivo central, protagoniza os diversos caminhos e ressignificações da cultura afro, porém, o negro e suas relações permanecem como o centro das apresentações.

Existe resistência, cultura e identidade na expressão de um corpo. Nos movimentos existem energia, força, perseverança, sentimento e emoção. Traduzir essa subjetividade é impossível. Mas, trago a tona, a expressividade de uma identidade marginalizada, inferiorizada e demonizada.


Assumir-se quanto negro é trazer consigo a representatividade de uma submissão e rejeição social marcada por um período histórico de desumanização. Até então pensar uma trajetória social para o povo negro é visibilizar não apenas sua cor e raça diante de um campo democrático, mas sim refletir nas questões intercaladas diante de uma falsa proposta de igualdade.

O corpo em movimento é um corpo vivo. Vivo em histórias, angustias, realizações, vitórias. Vivo na construção e valorização de traços ancestrais socialmente negados e politicamente concebidos através de eixos ideológicos.

Ou seja, seu corpo possui a beleza e a história ancestral do povo negro. Seu cabelo crespo é a mística de uma reafirmação. Seus movimentos enfatizam sua vivência e cultura. Sua memória apresenta a vida.


Obs .: Desculpem pela qualidade das imagens (fotos tiradas de celular em ambiente de pouca luz).


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